CARNE DE PESCOÇO

17 setembro 2007

na varanda da minha mente


já acho que não há mais tempo pra mim
pois almejava grande feito nesta terra
e os astros não conspiram, nem conspirarão
pra que eu possa parir o que meu peito encerra

grávido estou de idéias e palavras
mas precinto que será um feto morto
pois de meu ventre não sairá se não houver
aconchego entre amigos no esperado parto

já sei que os comparsas procuram o ouro
não são obscecados, muito menos ambiciosos
são somente peças do mercado
buscando seu parco espaço no meio desastroso

gestando o meu elã, também me perdi
o advento do advento, que não chega, que não sente
com lampejos do mundo que sonhava cada vez mais distante
mais utópico, ultrajado, vergonhoso, adolescente

então feri meus princípios e maculei o venerável
agora pra suportar o feto morto
tenho taças pra anestesia confortável
e perambulo na varanda da minha mente de ogro