11 janeiro 2007

Carta ao amigo


Vai meu amigo, cumpra sua nórdica missão
Deixa de sua terra e busca os mares nunca dantes navegados
Enfrenta sua mágica e espiritual peregrinação
Rumo aos altos e baixos da montanha russa da vida

E dos outros horizontes, olha, cheira, transpira e contempla
Veja as crianças, que pulam, que brincam, que não fazem nada
Crianças que nunca ninguém pára pra olhar
E as pedras, o trem, a montanha, vai

Viaja meu amigo

Não invejo sua liberdade que tem de ir e vir
Não invejo nem a própria viagem per se
E sim invejo seu olhar, sua virtude de apreciar
Sua percepção que transforma a realidade

Vai meu amigo e faz o que deve fazer
Faz também o que não deve
Se meta em becos, botecos, igrejas e cruzes e credos
Desafia a fome, a força e sua própria coragem
E prove do ogro, da prostituta, do amarelo e do vermelho

Sentirá falta daqui, lembrará de mim, se bem o conheço
E sentirá o quanto deveria ter viajado antes
Ânsia por conhecer as pequenas ruelas das cidades que passar
Comer, dormir e irmanar-se com cada transeunte que ver

E que me traga de souvenir suas histórias
E se não forem boas, que me traga boas mentiras
Pois aqui onde moro, na terra da carne de pescoço
Me alimento das lembranças e saudades que não vivi

3 Comments:

Anonymous Anônimo said...

Ok, vamos desbravar o admirável mundo novo.

2:16 PM, janeiro 12, 2007  
Anonymous Anônimo said...

Tocante, excelente...

8:31 AM, janeiro 20, 2007  
Blogger  said...

me indentifiquei com isso, de verdade. É o que estou passando por agora e o que eu sempre tive que aturar.
Muito bom, ótimo.


o caderno está sentindo a sua falta, amigo.

1:58 PM, janeiro 24, 2007  

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