16 abril 2006

Sociedade Recreativa da Psicodelia


Sociedade Recreativa da Psicodelia



A banda já estava tocando há algum tempo quando deram os acordes de “Astronomy Domine”, do Pink Floyd, um furor das percepções em êxtases. Explosões. Tudo suspenso no ar. As coisas cresciam e diminuíam. Cadeiras, mesas, guitarra, um óculos, um copo... Um copo! Um copo? Ei Juliano traz mais uma taça!
Não tinha notado essa tua blusa de estampa. Estampa colorida que faz dobras e quando se meche, transforma-se em hologramas, um sapo, uma lua, um olho, saltam de seu corpo como vivos. Aliás, agora percebo seus olhos, não quero me enganar, mas há flores de celofane em volta de seu olhos.
Levanto-me com a vertigem provocada pelas luzes estroboscópicas coloridas, vindas através do som distorcido daquele teclado. Há raios de energia, gritos de estrelas que vêm do infinito... Cambaleando reconheço alguns a minha volta e então chego mais perto da banda. Alguém colocou mais vinho em minha taça. Agora o degustar é incrível, sinto a maciez do líquido percorrendo minha boca, garganta e penetrando no meu organismo transmutado.
Os pêlos, a pele, o tecido de minha roupa, a tua mão segurando a minha, sinto tudo perfeito. Já estamos juntos há tanto tempo e agora noto e sinto algo, mas não sei bem o quê. E é bom.
A música atinge o ponto auge. Transcendência. Dou um grito em uníssono, levanto a taça vazia. Tudo flutua, tudo está visivelmente diferente e girando. Ficou somente a dúvida, a falta, o desejo. Meu ser em expansão, aumentando as lacunas entre os pensamentos, mais dúvidas, mais áreas fecundas para idéias.
Então acaba, sou outro. Seu Afonso quanto deu?

1 Comments:

Anonymous Anônimo said...

Gosto de histórias de bar...
Me inspiram a escrever também

10:13 AM, abril 23, 2006  

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